O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo.(HÉLIO PELLEGRINO)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O dia em que sai de casa

...Tinha acabado de completar 18 anos (é, apenas um ano atrás)
Foi difícil sabe?
Sempre fui a filhinha do papai e da mamãe, a que sempre obedeceu todas as ordens e sugestões, a que sempre valorizou tudo o que foi dado
Lembro de quando vi meu nome na lista dos aprovados para o vestibular...
Lembro daquele momento... Onde milhões de pensamentos me rondaram
Ir ou Ficar? Desistir ou Lutar? Enfrentar??
Estava tão feliz e triste ao mesmo tempo que nem sabia que isso era possível...
Já naquela hora, sabia que eu não iria desistir...
Eu ia lutar...
Eu sairia de casa...Eu enfrentaria tudo...
Comunicar aquilo aos meus pais, foi uma das cenas que mais marcaram minha vida
As incertezas e as dúvidas escondidas, o temor por não ser apoiada, medo das reações..
Naquela hora eu só transmitia segurança e determinação...mas por dentro estava tão frágil
Não teve Parabéns, risos, abraços alegres, ou nenhuma comemoração
só silêncio....

Foi mais difícil ainda quando meu pai, me proibiu de ir
A conversa mais muda que tive... Chorava sem conseguir expressar minha opinião...
sem conseguir falar uma só palavra pra defender meu sonho...

Até agora não sei como consegui convencê-lo
Talvez tenha sido minhas lágrimas desesperadas ou qualquer outra coisa
Mas o FATO era que eu havia conseguido
Ia para outro estado, sozinha, sem conhecer ninguém e nada
Iafazer FACULDADE, meu grande sonho

A noite em que eu fui, foi uma das mais tristes que já passei
meu pai, me chamou pra conversar
ele estava na sua cadeira de balanço, no quintal, no escuro
o dia já tinha sido triste, silencioso, cinzento
quando sentei no seu colo, e vi suas lágrimas, a primeira vez que o via chorando
meu peito se retorcia, gritava, vibrava

Aquele abraço foi o que mais teve significado...
Um abraço de perda, cheio de medo

Quando cheguei a rodoviária, e ainda quando sentei na poltrona do ônibus sabia que não teria volta...
A ficha tinha acabado de cair...
E me senti tão só como nunca
Lágrimas silenciosas rolavam pela minha face

... O pior de tudo, é que ao ligar o rádio...
Tocava Roberto Carlos, esse que sempre foi o responsável pela trilha sonora da minha vida, de novo presente
Ao som de "O portão" que fala exatamente o contrário do que estava acontecendo comigo, voltar pra casa, de estar tudo igual ao que era antes, voltar para o meu lugar... e etc
Percebi uma mensagem...Eu voltaria pra casa um dia, com meus sonhos realizados
Eu ficaria bem!!!

Chorava, mas dessa vez, ria também

O ônibus, escuro e silencioso, balançando, ao som de Roberto Carlos
o corredor vazio, reflexos das luzes dos postes, a lua as estrelas, minhas malas, minha lágrimas e o meu coração

Isso que lembro, do dia em que sai de casa

2 comentários:

Steve Gleidson disse...

Seu aniversário é 23 de janeiro? O meu é dia 25 de janeiro, eu ia fazer um post nesse dia seria algo engraçadinho do tipo ''parabéns para mim'' rs mas desistir não estava muito no clima. Gostei muito do seu blog e já tô te seguindo e quanto ao pOst...é deu um trabalhão sim rs. Pelo menos alguém gostou rs. Abraço!

Ismael Angelus disse...

Bom, não sei se esse post foi um conto ou uma declaração, mas gostei bastante da 'personagem', essa jovem garota ansiando por viver sua vida.

E afinal, não somos todos assim?

=)