O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo.(HÉLIO PELLEGRINO)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

1ºANO de faculdade

Hoje faz exatamente um ano que sai de casa, um ano de faculdade

Certas coisas a gente não esquece...

Lembro como o dia estava quente
Como a grama estava verdinha, como o céu estava azul, como estava morrendo de calor com minha calça jeans colada ao corpo e meu cabelo incontrolável grudado a minha testa, além do enorme peso da minha bagagem... Que afinal, carregava a minha casa

Um ano... De tanta aprendizagem
Ir pra universidade lhe proporciona diferentes experiências... Boas e ruins, fáceis e dificílimas
Descobrir que você será tratada por BIXÃO... E ainda que todo “bicho” tem que morrer, assusta muito no começo, você fica com receio de pedir informações e ser mandado para o lugar errado, medo de ser enganado e zoado.
Eu posso com a maior sinceridade do mundo dizer que curti muito esse tempo...
Onde pude fazer milhões de perguntas pra todo mundo, com a cara mais inocente e desinformada que podia... Que, aliás, era verdadeira porque não conhecia nada mesmo... Só exagerava nessa cara para que ninguém tivesse coragem de me enganar... GRANDE ESTRATÉGIA, funcionou completamente
Mesmo assim, consegui confundir prédios, portas, salas, ônibus
Pedindo informações conheci muitas pessoas, as pessoas parecem estar dispostas a ajudar, pelo menos, as que eu encontrei (Graças a Deus)
E sabe como pessoas do interior são, não precisam de muita coisa pra puxar conversa... Pra algumas pessoas você acaba contando toda sua vida pra outras a sua intuição te deixa em alerta, você conhece muitas pessoas diferentes, de várias partes do Brasil, acaba morando com meninas Super legais, e você fica feliz, por ter tido tanta sorte
Os primeiros dias as saudades de casa, são ofuscadas pela curiosidade de saber como tudo funciona, conhecer as pessoas, o curso, você se torna 100% empolgação, quer fazer tudo o que lhe propuserem...
Apesar de não beber e não curtir festas, acaba achando pessoas que fazem encontros lights, fica em rodinhas de violão, inventa músicas, assiste filmes, discute teorias malucas, joga sinuca, assiste a jogos de futebol, e muitas outras coisas que ficarão na sua memória pra sempre
Vai pela primeira vez a um show de rock, vê pela primeira vez um “bate cabeça” e dorme pela primeira vez fora de casa, conversa com um bêbado, vê seus amigos bêbados, sente que ali não é seu lugar
Nos finais de semana, sente muita falta de casa, da macarronada e do churrasco de domingo, pega a bicicleta e sai louca por ai, morrendo de vontade de se cansar, dá voltas ao redor dos lagos, e acaba sentada na grama contemplando a paisagem rural e escutando músicas melancólicas, ou as vezes, acaba indo conhecer algum lugar com algum amigo
Depois de um tempo, apesar de sentir que estava destinada a estar ali, a “ficha” começa a cair... Você se sente adaptada, a nova casa, a “nova” comida, as novas regras e a tudo que você tem de diferente... Mas ainda assim, a saudades de casa começa a doer... pequenas coisas te lembram seus familiares, sua casa, sua cidade e sua antiga vida, ai você procura preencher seu tempo com qualquer coisa que apareça, aulas de violão, de forró, de pintura, sessões de Heiki, vídeos-debate, aparece em encontros religiosos, encontros regionais, diretórios acadêmicos...É um período engraçado
Além de ser o período das dúvidas, onde surgem questionamentos sobre estar fazendo o curso certo, estar no lugar certo... Em alguns dias, você fica calada, reflexiva, fica pensando nos “SE” da vida, acaba pedindo conselhos, e descobre que todo mundo passa por isso, e você não está só
Se concentra nos estudos e acaba deixando as amizades de lado, tem uma disciplina que é sua pedra no sapato, fica desesperada ao pensar em não passar, estuda na madrugada, chama amigos pra te ajudar, briga com eles, se desculpa, estuda, passa, mas ainda sente que não aprendeu nada, tem professores malucos com manias estranhas, vive várias histórias cômicas que parecem acontecer apenas com você, compartilha cenas inesquecíveis com amigos, ri de piadas idiotas
Aprende coisas, descobre muitas outras, as vezes ama e as vezes odeia estar passando por essa experiência... Mas no final sempre acredita que vale a pena
Dorme todo dia agradecendo a Deus...



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Acho que sou uma FRAUDE

Sabe quando vc sente que não tem direito a estar onde está?
Como se no mundo houvesse milhares de pessoas que merecem mais que você?
Como se no fundo... não fosse o que aparenta ser?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Críticas versus Elogios


Criticas não são belas frases de se ouvir... Eu confesso não me dar muito bem com elas
Parece que elas não tiram férias, nunca ficam fora de moda... Se você fizer algo será criticado... Se não fizer também
Como é mais fácil levar um elogio!!
O doce elogio, que faz você vibrar consigo mesma e ficar rindo por horas
Eu sou ainda mais desconfiada, nunca acredito em um elogio, mesmo que goste de ouvi-lo, fico me perguntando se ele é verdadeiro ou foi “dado” por conveniência
É, eu penso esse tipo de coisa sim
Depois que um amigo leu um livro de auto-ajuda, que o dizia para distribuir elogios todos os dias, fiquei desconfiada, isso é conselho que se siga?
Como obrigação diária incluía-se: Diga 5 elogios a seus amigos, patético
O pior que tinha descoberto isso em um dia que tinha cortado o cabelo e meu amigo dizia o quanto estava bonita ¬¬
Eu mesma nunca saio por aí distribuindo elogios por onde passo, meu elogio é bem raro e já fui muito criticada por isso (KK...olha as criticas)

Agora como você recebe uma critica? Uma dura e categórica crítica?
Ela é totalmente construtiva ou ao contrário é destrutiva?
Faz você querer ser melhor? Consertar seus supostos erros?
Ou tem reações negativas... Como agressividade e até depressão?

Um dia, outro amigo, foi bem franco comigo e me disse o que pensava sobre mim, sério, eu fiquei desorientada...
Adivinha do que me chamaram: Autoritária
Putz...Fiquei remoendo muito isso

Assim entra outra questão “Você aceita o que as pessoas dizem sobre você ou apenas ignora?”

Eu mesmo não consigo esquecer nem ignorar

Mesmo que a pessoa tenha jeito em falar, nós nunca aceitamos imediatamente, sempre a deixamos um pouco de lado, sempre refletimos depois
Você parece sempre disposto a aceitar um elogio falso do que uma critica verdadeira.. Não é mesmo?

Mas penso que a crítica as vezes tem um papel muito maior na nossa vida do que os elogios... Apesar de não termos o mesmo prazer ao ouvir cada uma...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Tédio que nem a internet salva

Tenho estado entediada com tudo
Sem concentração e essas coisas
Tudo parece não querer andar
Presa em 2 meses como se fossem 20 anos
A internet já me cansou, enjoei de procurar noticias
Tenho ficado atualizando toda hora, talvez seja a procura de alguma tragédia para comentar
Ligo e desligo a T.V
Pesquiso qualquer coisa no Google ou You tube
Abro contas em novos sites de relacionamento
Procuro jogos on-line
Volto a ver as noticias... nada de novo
Apenas coisas de BBB...
Procuro livros pra ler... Até acho algumas indicações legais, mas acabo lendo pela milésima vez o meu livro preferido...
Entro no MSN e quem me interessa não está por lá
Volto às malditas noticias....nada novo
Paro um tempo, vou dar uma olhada na rua
A mesma coisa...
Procuro programas, filmes, vídeos
Algo que me faça rir...Não dá certo
Ainda estou um porre...
Esperando só o dia acabar...
Tinha planejado para tudo ser perfeito
Mas meus planos sempre (sempre mesmo) dão errado
Dormir talvez fosse a solução... se eu não estivesse cansada de sonhar
Cansada de Best Sellers, Orkut, vampiros e restart…
Sem saco pra toda essa merda ...
Esperando algo que salve meu dia
Noticias! Elas ainda não mudaram
O pior é que a droga da minha internet caiu...
Não tenho como atualizar as noticias...
Acho que sei do que preciso agora
Que o tempo passe mais rápido
Disso que eu preciso...282 páginas e o cd do Oasis
Quando eu voltar algo vai ter mudado

Ah fofoca

Mas que merda...
Por que todo mundo fica sabendo de tudo aqui nessa cidade???
ARG!!!
Não se pode dar um passo sem que todo mundo saiba
O pior é que não estava fazendo nada de errado... Isso me frustra
Se cada um cuidasse da sua vida, eu não teria que dar explicações para uma simples ida a sorveteria com um amigo...
É!!! não vou a baladas, nem passo noites fora... Mas quando saio genuinamente com um amigo sou obrigada a ouvir tons de desconfiança...
O que eu fiz me digam?
Eu rio internamente com essa desconfiança...
Nem se eu quisesse... queria respondê-los!!!
É isso que me impediu de dizer-lhe tudo que estava sentindo
AH Moral...essa que meus pais me ensinaram
Que fazem do amor juvenil algo errado e sujo... Passível de punição
Valeu MORAL!!! Valeu Razão...ganhou de novo

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O dia em que sai de casa

...Tinha acabado de completar 18 anos (é, apenas um ano atrás)
Foi difícil sabe?
Sempre fui a filhinha do papai e da mamãe, a que sempre obedeceu todas as ordens e sugestões, a que sempre valorizou tudo o que foi dado
Lembro de quando vi meu nome na lista dos aprovados para o vestibular...
Lembro daquele momento... Onde milhões de pensamentos me rondaram
Ir ou Ficar? Desistir ou Lutar? Enfrentar??
Estava tão feliz e triste ao mesmo tempo que nem sabia que isso era possível...
Já naquela hora, sabia que eu não iria desistir...
Eu ia lutar...
Eu sairia de casa...Eu enfrentaria tudo...
Comunicar aquilo aos meus pais, foi uma das cenas que mais marcaram minha vida
As incertezas e as dúvidas escondidas, o temor por não ser apoiada, medo das reações..
Naquela hora eu só transmitia segurança e determinação...mas por dentro estava tão frágil
Não teve Parabéns, risos, abraços alegres, ou nenhuma comemoração
só silêncio....

Foi mais difícil ainda quando meu pai, me proibiu de ir
A conversa mais muda que tive... Chorava sem conseguir expressar minha opinião...
sem conseguir falar uma só palavra pra defender meu sonho...

Até agora não sei como consegui convencê-lo
Talvez tenha sido minhas lágrimas desesperadas ou qualquer outra coisa
Mas o FATO era que eu havia conseguido
Ia para outro estado, sozinha, sem conhecer ninguém e nada
Iafazer FACULDADE, meu grande sonho

A noite em que eu fui, foi uma das mais tristes que já passei
meu pai, me chamou pra conversar
ele estava na sua cadeira de balanço, no quintal, no escuro
o dia já tinha sido triste, silencioso, cinzento
quando sentei no seu colo, e vi suas lágrimas, a primeira vez que o via chorando
meu peito se retorcia, gritava, vibrava

Aquele abraço foi o que mais teve significado...
Um abraço de perda, cheio de medo

Quando cheguei a rodoviária, e ainda quando sentei na poltrona do ônibus sabia que não teria volta...
A ficha tinha acabado de cair...
E me senti tão só como nunca
Lágrimas silenciosas rolavam pela minha face

... O pior de tudo, é que ao ligar o rádio...
Tocava Roberto Carlos, esse que sempre foi o responsável pela trilha sonora da minha vida, de novo presente
Ao som de "O portão" que fala exatamente o contrário do que estava acontecendo comigo, voltar pra casa, de estar tudo igual ao que era antes, voltar para o meu lugar... e etc
Percebi uma mensagem...Eu voltaria pra casa um dia, com meus sonhos realizados
Eu ficaria bem!!!

Chorava, mas dessa vez, ria também

O ônibus, escuro e silencioso, balançando, ao som de Roberto Carlos
o corredor vazio, reflexos das luzes dos postes, a lua as estrelas, minhas malas, minha lágrimas e o meu coração

Isso que lembro, do dia em que sai de casa

domingo, 6 de fevereiro de 2011

DOMINGO POÉTICO

Essa poesia foi uma das que mais marcaram minha adolescência,
lembro de ter dias que a lia várias e várias vezes
imaginando Fernando Pessoa escrevendo, sentindo as mesmas coisas que ele...



Poesias de Álvaro de Campos - FERNANDO PESSOA


TABACARIA


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim…
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno – não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Inteligência...O que influencia?

Ahhh
Andei refletindo sobre isso

Quando dizem que a inteligência é genética...Significa que pais com "baixa intelectualidade" terão filhos com "baixa intelectualidade" e assim por diante?E que esse ciclo se repetirá sempre e sempre? E as pessoas com pais intelectuais concerteza também estão destinadas a serem intelectuais?

Não acredito nem um pouco nisso

Acho que inteligência é CONSTRUÍDA, por isso o lugar onde a pessoa cresce, sua origem, é o que mais influencia (embora esteja sujeita a outras ações)

Todos nascemos com a mesma capacidade (exclua super gênios) mas nem todos desenvolvemos...

Talvez seja pelo meio em que a pessoa viva... que não incentive e tal...

Mas essa pessoa é inteligente... Talvez seja aplicada em outras coisas
A pessoa que nasce num ambiente pobre... tem como se dedicar aos estudos por exemplo?
A pessoa que nasce numa familia rica, com pai advogado, mãe arquiteta, irmão médico, não aprende coisas na convivência??? Não vai estar sempre em contato com "papos intelectuais"...?

Porque o é inteligência?
Saber resolver uma equação? Entender teorias complexas? Ler e entender clássicos??? e blá blá blá?

Não é inteligente o menino de rua que sobrevive vendendo coisas??
Que mexe com dinheiro? O comerciante que convence as pessoas a comprar seus produtos??

Acho que existe vários tipos de inteligência...
... E o lugar que a pessoa cresce determina, e muito isso
Mas vai da vontade de cada um também....
E acho q isso pode ser genético....essa pré-disposição a querer as coisas...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quando você sente que falta algo

Ah
Ando sofrendo da síndrome do FALTA ALGUMA COISA
Sabe quando você tem tudo do que precisa mas mesmo assim tem a sensação que falta algo fundamental?
Quando nada está completo???

Essa sensação de que esqueceu ou perdeu algo e nem ao menos saber o que é
.....é horrível

Eu aqui sentada...tentando lembrar o que esqueci
Faz tempo que perdi
Mas foi agora que me dei conta
Será que eu deixei lá na casa dos meus pais? Ou será que foi na escola?
Ah...não
Agora me ocorreu uma dúvida...
Será mesmo que alguma vez eu o possui?
Talvez tenha sido uma simples ilusão quando o sentia aqui comigo
Nem lembro quando isso aconteceu... Isso até me deix...
Peraí...
Será que existe de verdade?//
Nossa!!! Não tinha pensado nisso
Talvez não exista
Mas continuo sentindo esse vazio aqui dentro